domingo, 18 de abril de 2010

Dicionário Prático para evitar gafes em território argentino!

Depois de quase dois anos em terras Riojanas, posso dizer que tenho uma certa fluência com o idioma local. Claro que não é nada muito fluente, mas algo necessário para a sobrevivência no dia a dia e para não passar nenhuma vergonha. Existem muitas palavras que por aqui possuem um significado bem diferente do português do Brasil. E expressões que me ajudariam muito, caso já as conhecesse quando aportei por aqui.

DALE! – Expressão largamente usada em todo o território argentino. Geralmente tem o significado simples de um “Ok!”, “Tudo certo”. Exemplo: “Tu lava a louça?” “Dale!”
Pode significar também um estimulo para algo, do tipo “Dale! Vamos!”
Mas também é tempo verbal do verbo DAR, significando “Dar para ele”. Exemplo: “Dale buen dia!”
Quantas vezes eu perdi alguns momentos tentando saber o que significava isso...

CHE! – é o tão conhecido Tchê dos nossos irmãos gaúchos. Homens e mulheres o utilizam para substituir um nome quando se deseja falar com alguém. Pode significar um simples “EI!”, ou seja, quando se quer chamar a atenção de alguém para uma falação.

BOLUDO(A) – Expressão com duplo significado. É necessário saber usá-la para não entrar em maus lençóis.
Primeiramente quer dizer “abestado” ou “vacilão”, aquele que não entende muito ou só faz cagada na vida!
Outra maneira de utiliza-la é como um cumprimento ou saudação, mais ou menos falando, a uma pessoa que se tenha amizade. É o popular “cara”, “macho” ou “barão” (pros mais antigos)
Outra dificuldade visível que tive ao chegar por estas bandas. Era difícil saber se estavam me esculhambando ou sendo amigável.

CHUPAR – pode ser “chupar” mesmo ou então “beber algo alcoólico”

CHICO(A) – quer dizer menino(a). Mas também pode significar algo pequeno(a).

PELOTUDO(A) – é o “pau-no-cú”, “otário”, “caga-pau”. Essa sim eu aprendi bem rapidinho!

AULA vs CLASE – aqui as duas palavras tem significado diferente do português, ou seja, “aula” é o espaço físico onde se realizam as “clases”. Isso significou, pra mim, diversos momentos perdidos na Faculdade, né? Que boludo!!! Hehehehe

COLA – outra com dois significados. Um quer dizer “fila”, ou “fazer cola”. A palavra FILA também é usada, mas só quando quer tratar com alguém formalmente. Outra forma de usar a palavra é quando se fala de “traseiro”. Existem ainda as variações da palavra, quando acrescida de alguma letra, fazendo com que o significado mude totalmente.
COLAR é “peneirar” e COLADOR é a “peneira”. COLLAR é o nosso colar de colocar no pescoço.

E os palavrões??? Bem, esse eu aprendi rapidinho, pois a sobrevivência e adaptação ao meio me exigiram.
CONCHA, CAJETA – a popular xoxota ou buceta. A concha da gente eles chamam de “caracol”

PIJA, VERGA, PORONGA – é a variante masculina da concha.

PUTO ou TROLO – é o gay masculino, viado, baitola, cualira, bicha, e todas as suas variações não menos grosseiras. Procure não dizer que está “puto da vida” no meio da rua, aqui na Argentina!

TORTILLERA, TIJERA (tesoura) – é a homossexual feminina, sapatona, sapatão, caminhoneira e todas as suas variações pejorativas.

CULO – pode ser “bunda” ou “cú” mesmo. Depende do significado da frase.

ORTO, OJETE – é “cú”

PAJA (“parra”) – “palha” ou o popular “cinco contra um”, se é que você me entende. Pode significar “preguiça” também, mas de maneira pejorativa

PAJERO – “preguiçoso” ou “aquele que faz muito cinco contra um”. Lembre-se que a letra J tem som de RR, ou seja, se pronuncia “parrero”. Imagina o que eles diriam se vissem a ruma de caminhonetes Pajero (essa com som de J mesmo) que existem em Fortaleza.

PETE – é o tão difundido “bola-gato”

CULIADO (A) – é o “fudido” no sentido sexual da palavra. CULIAR é o verbo utilizado para “fazer sexo”, no sentido vulgar.

Existe ainda o “puta que lo pario”, “mierda” e “puta”, com os seus significados facilmente perceptíveis.
(No assunto palavrão, eu posso dizer que nós, brasileiros, temos um vocabulário muito mais desenvolvido.)
RAMERA – é a rapariga, quenga. REMERA, mudando apenas o primeiro A por um E, quer dizer “camiseta”. Imaginem quantas vezes eu já disse que ia vestir uma rapariga...

CAGAR – pode significar “defecar” mesmo, de forma vulgar. Ou então quando se quer dar ênfase a um estado que se esta passando. Tipo: “Estoy cagado de frio” (Ow frio da porra!) ou “Estoy cagado de hambre!” (Ow fome da porra!) ou então “Estoy cagado de sueño!” (Ow sono da porra!). Dá pra reparar que argentino se caga a toa, né?

EMBOLADO – é quando se esta chateado com alguma coisa! Tipo: “Estoy embolado com essa clase que no tubimos!” (Tow chateado com essa aula que não tivemos!)

ENOJADO – é o próximo passo do embolado, é o popular “puto da vida!”.

QUILOMBO – “bagunça” ou “confusão” ou “barraco” mesmo.

BOQUETERO – é o arrombador de casa. Essa eu aprendi recentemente. Vi num jornal, que dizia que os “mini-boqueteros” eram um grande problema em Buenos Aires. Logo imaginei um monte de anão chupadores de pirocas! Hahahahahahahahahaha...

COJER – essa é a palavra que mais causa problemas aos nativos brasileiros. Ela quer dizer “fuder”. O problema é como se pronuncia (“correr”). Imagina quantas vezes já não me fizeram cara feia porque eu disse para alguém “correr” ao atravessar a rua...

O Nosso “correr”, de andar depressa, se pronuncia vibrando bem a língua ao falar o duplo R. Dessa forma a palavra apresenta o mesmíssimo significado que o nosso. Coisa difícil, né?

Bem, prestando bem atenção ao que se vai dizer e ao que te dizem, acredito que dá pra viver por aqui sem passar muito vexame. A pratica leva a perfeição. Basta só estar atento!