quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O espanta-chuva

Estava eu na cozinha, tentando espairecer o juízo, pensando em coisas azuis frias e ventiladas, para esquecer que o calor toma conta de todos os lugares dessa cidade, quando chega Ermerson, o Mineiro, com mais uma de suas noticias mirabolantes histórias Riojanas. Havia ele escutado na Radio Local que La Rioja que choveu atualmente em toda a Argentina e “adivinhem vocês onde não caiu uma gota dágua” – disse o locutor – e devido a isso teria um protesto hoje na Praça Matriz, em frente a Prefeitura e a Catedral para pedir chuva.

É, você leu “pedir chuva” e acredite que essa também foi a minha reação. Em alguns milésimos de segundo meu cérebro criativo tentou bolar uma explicação lógica para essa inusitada situação e pensei: “É um bom lugar pra pedir chuva mesmo, já que tá em frente a Igreja. Capaz que São Pedro escute...”

Mas logo voltei a realidade e mandei um sonoro “Comassim??” e Ermerson na sua mineirice me responde:

- Parece que lançam bombas nas nuvens para impedir que as nuvens que se formam derramem água!

QUE?!!? Qual é a lógica nisso tudo, minha gente?? Para que não querem que caia água no solo super árido Riojano? Quem são os insanos filhos-de-varias-eguas que fazem isso aos nossos pobres organismos sedentos por umidade?

E a resposta veio em forma de uma lembrança: escutei de alguém uma historia que os grandes produtores de vinho do norte do país, mais precisamente na província de Jujuy (lê-se Rurrúi, senão vai parecer nome de alguma jujuba, sei la!!) lançam foguetes às nuvens quando se aproxima uma tempestade. Eles alegam que muita chuva estraga a produção de vinho e é mais barato lanças um foguete, no melhor estilo NASA, do que perder a produção das parreiras.

Fui ligando uma coisa a outra e me dei conta que La Rioja é uma boa produtora de vinho e azeitonas no noroeste, e que esses produtos não aceitam muito bem a umidade exagerada. Lembrem-se da Grecia na antiguidade que era grande produtora de azeite de oliva na Antiguidade.

Seguindo a linha de raciocínio comecei a entender muitas coisas que vinham ocorrendo ultimamente. Primeiro escutávamos relatos de tempestades pesadas, refrescantes e molhadas nos quatro cantos e que nunca vinha pra cá. A outra e ate então coisa inexplicável que acontecia era que todos víamos se aproximar pesadas nuvens, com seus tons grises escuros e relâmpagos intermináveis mas nunca caia uma simples gota de água em nossas cabeças

Todas as preces eram feitas e as mais mirabolantes danças-da-chuva foram feitas, sem resposta alguma! Até aquele cheirinho de chuva a gente sentia. Nossos corações acalorados e suados iam dormir repletos de esperanças com um dia seguinte molhado. No dia seguinte NADA! O Sol a pino, queimando toda forma de juízo e a gente sem entender - “Porra mermão, eu senti o cheiro da chuva!” “Eu vi os relâmpagos” “Pra onde foram aquelas nuvens” eram basicamente as frases mais ditas por nós. Teve uma oportunidade que fiquei com o Pedro no quintal admirando os relâmpagos e vendo as nuvens se aproximarem de nossas terras! Mera ilusão!

Até agora tivemos cheiro sem chuva! E um calor que não diminui! E em nem sabia que dava pra dispersar chuva com um rasga-lata! Eu fico imaginando se algum Argentino desavisado resolve ir plantar azeitona em Quixada e um dia lança um rasga-lata na primeira nuvem que sobrevoar o Sertão-central! Morte na certa, aos gritos de “Argentino pau-no-cu”.

Exageros à parte, descobri que tem gente doida o bastante para morar em um deserto escaldante e não gostar de chuva! E que existem foguetes que mandam pra correr a nuvem que tiver qualquer tom de cinza.

Mas uma pergunta que não quer calar: pra onde vão as nuvens bombardeadas? Porque se alguém souber, me diz que irei passar o fim-de-semana lá, ó!

No momento dessa postagem as aguas da chuva molham La Rioja!

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